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Localização: Coimbra, Coimbra, Portugal

Licenciado em Ciências da Informação

quinta-feira, novembro 30, 2006

É hoje!!

E ao trigésimo dia Deus criou... o Nuno! Deus depois de ter criado tudo, céu e terra, noite e dia, luz e trevas, animais e vegetais apercebeu-se que lhe faltava criar um ser enorme, grisalho e gordo e "fiat lux" surge o Nuno! Mas acho que se arrependeu, pois não criou mais nenhum igual (eheheheheh).
E assim aqui estou.
Pois é!

Lembro-me do dia em que nasci,
De como cresci de como vivi.
Lembro-me do sol e da lua
Da primeira vez que sorri!
Sei de cor a côr dos dias
Passados por essas estradas
Dos dias quentes das noites frias
Da expressão do teu rosto quando sorrias.
Um dia hei-de morrer
Eu sei, irei partir,
Mas a maior dor é
Ir
Sem te ver.
Riu choro grito
sou normal pois então,
mas amigos
nestes 32 anos
tenho-vos todos
mesmo todos
no coração!

Nuno Silva

Um grande grande beijo!

quarta-feira, novembro 29, 2006

Minha culpa

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu seu lá quem!...
Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
Uma chaga sangrenta do Senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

Florbela Espanca

Está mesmo quase!
Baci!

segunda-feira, novembro 27, 2006

Assim vamos nós.

Começou mais uma semana de trabalho. E assim que começo a trabalhar ouvi uma notícia que exemplifica bem a (des) graça com que vive o país.
Então não é que o Tribunal de Contas revelou que Valentim Loureiro e Narciso Miranda, administradores NÃO EXECUTIVOS do Metro do Porto, que só exercem esses cargos porque são presidentes de câmara, têm direito a um cartão de crédito com plafon mensal de quase 4500 € (são mais ou menos 12 salários mínimos), SUPORTADO PELO ESTADO, para despesas de representação. Isto faz rir, ou não? Tantos cortes, tantas restrições e andam por aí pessoas que para além de reforma, têm o salário da câmara, o salário do Metro do Porto e ainda (como diria o concurso 123) um cartão de crédito com quase mil contos em moeda antiga!!!! Vivem à "grande e à francesa" com o dinheiro dos nossos descontos, será isto justo?
Assim vai o nosso Portugal, que não consegue crescer... Uns trabalham e são obrigados a altissimas restrições, outros gozam e riem-se e fumam charuto...
No fundo, na minha opinião, os portugueses é que são os culpados, pois continuam a votar sempre nos mesmos... às vezes parece que andamos todos felizes!!!! CONTINUEM e não mudem!!!
Boa semana!
E só faltam três dias!!!!

quinta-feira, novembro 23, 2006

De volta para o aconchego

Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo
Um sorriso sincero, um abraço,
Para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade
Que bom,
Poder tá contigo de novo,
Roçando o teu corpo e beijando você,
Prá mim tu és a estrela mais linda
Seus olhos me prendem, fascinam,
A paz que eu gosto de ter.
É duro, ficar sem você
Vez em quando
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que eu vou mergulhar
Na felicidade sem fim
Dominguinhos - Nando Cordel
Elba Ramalho

O fim de semana está aí. Cada vez mais próximo do Natal. Por essas estradas tudo nos lembra o Natal, tudo nos impele a comprar, a gastar... mas nada do que possamos comprar preenche o vazio deixado pela ausência de alguém que para nós é importante.
Aproveitem o fim de semana. Divirtam-se. Cometam loucuras (eheheheh). Os anos estão a passar e eu estou cada vez mais velho!!!!! Tá quase!!!!
Boas cavalgadas.

segunda-feira, novembro 20, 2006

MURIEL

Às vezes se te lembras procurava-te
retinha-te esgotava-te e se te não perdia
era só por haver-te já perdido ao encontrar-te
Nada no fundo tinha que dizer-te
e para ver-te verdadeiramente
e na tua visão me comprazer
indispensável era evitar ter-te
Era tudo tão simples quando te esperava
tão disponível como então eu estava
Mas hoje há os papéis há as voltas dar
há gente à minha volta há a gravata
Misturei muitas coisas com a tua imagem
Tu és a mesma mas nem imaginas
como mudou aquele que te esperava
Tu sabes como era se soubesses como é
Numa vida tão curta mudei tanto
que é com certo espanto que no espelho da manhã
distraído diviso a cara que me resta
depois de tudo quanto o tempo me levou
Eu tinha uma cidade tinha o nome de madrid
havia as ruas as pessoas o anonimato
os bares os cinemas os museus
um dia vi-te e desde então madrid
se porventura tem ainda para mim sentido
é ser solidão que te rodeia a ti
Mas o preço que pago por te ter
é ter-te apenas quanto poder ver-te
e ao ver-te saber que vou deixar de ver-te
Sou muito pobre tenho só por mim
no meio destas ruas e do pão e dos jornais
este sol de Janeiro e alguns amigos mais
Mesmo agora te vejo e mesmo ao ver-te não te vejo
pois sei que dentro em pouco deixarei de ver-te
Eu aprendi a ver a minha infância
vim a saber mais tarde a importância desse verbo para os gregos
e penso que se bach hoje nascesse
em vez de ter composto aquele prelúdio e fuga em ré maior
que esta mesma tarde num concerto ouvi
teria concebido aqueles sweet hunters
que esta noite vi no cinema rosales
Vejo-te agora vi-te ontem e anteontem
E penso que se nunca a bem dizer te vejo
se fosse além de ver-te sem remédio te perdia
Mas eu dizia que te via aqui e acolá
e quando te não via dependia
do momento marcado para ver-te
Eu chegava primeiro e tinha de esperar-te
e antes de chegares já lá estavas
naquele preciso sítio combinado
onde sempre chegavas sempre tarde
ainda que antes mesmo de chegares lá estivesses
se ausente mais presente pela expectativa
por isso mais te via do que ao ter-te à minha frente
Mas sabia e sei que um dia não virás
que até duvidarei se tu estiveste onde estiveste
ou até se exististe ou se eu mesmo existi
pois na dúvida tenho a única certeza
Terá mesmo existido o sítio onde estivemos?
Aquela hora certa aquele lugar?
À força de o pensar penso que não
Na melhor das hipóteses estou longe
qualquer de nós terá talvez morrido
No fundo quem nos visse àquela hora
à saída do metro de serrano
sensivelmente em frente daquele bar
poderia pensar que éramos reais
pontos materiais de referência
como as árvores ou os candeeiros
Talvez pensasse que naqueles encontros
em que talvez no fundo procurássemos
o encontro profundo com nós mesmos
haveria entre nós um verdadeiro encontro
como o que apenas temos nos encontros
que vemos entre os outros onde só afinal somos felizes
Isso era por exemplo o que me acontecia
quando há anos nas manhãs de roma
entre os pinheiros ainda indecisos
do meu perdido parque de villa borghese
eu via essa mulher e esse homem
que naqueles encontros pontuais
Decerto não seriam tão felizes como neles eu
pois a felicidade para nós possível
é sempre a que sonhamos que há nos outros
Até que certo dia não sei bem
Ou não passei por lá ou eles não foram
nunca mais foram nunca mais passei por lá
Passamos como tudo sem remédio passa
e um dia decerto mesmo duvidamos
dia não tão distante como nós pensamos
se estivemos ali se madrid existiu
Se portanto chegares tu primeiro porventura
alguma vez daqui a alguns anos
junto de califórnia vinte e um
que não te admires se olhares e me não vires
Estarei longe talvez tenha envelhecido
Terei até talvez mesmo morrido
Não te deixes ficar sequer à minha espera
não telefones não marques o número
ele terá mudado a casa será outra
Nada penses ou faças vai-te embora
tu serás nessa altura jovem como agora
tu serás sempre a mesma fresca jovem pura
que alaga de luz todos os olhos
que exibe o sossego dos antigos templos
e que resiste ao tempo como a pedra
que vê passar os dias um por um
que contempla a sucessão de escuridão e luz
e assiste ao assalto pelo sol
daquele poder que pertencia à lua
que transfigura em luxo o próprio lixo
que tão de leve vive que nem dão por ela
as parcas implacáveis para os outros
que embora tudo mude nunca muda
ou se mudar que se não lembre de morrer
ou que enfim morra mas que não me desiluda
Dizia que ao chegar se olhares e não me vires
nada penses ou faças vai-te embora
eu não te faço falta e não tem sentido
esperares por quem talvez tenha morrido
ou nem sequer talvez tenha existido

Ruy Belo


A ti... por todos os fim-de-semana e por existires!
"Mas o preço que pago por te ter
é ter-te apenas quanto poder ver-te
e ao ver-te saber que vou deixar de ver-te
"

segunda-feira, novembro 13, 2006

Acreditar...

"Estava realmente perdido de todas as maneiras. Passara a vida a sonhar um Portugal melhor numa península melhor e num mundo melhor.
Para que essa aspiração fosse verdade, julgava que bastaria o desaparecimento das tiranias que aqui, ali e além oprimem os povos. Ora a verdade é que os tiranos carismáticos, um a um, iam desaparecendo (...) e, quanto mais parecia debelada, mais a opressão se enraizava no corpo social e mais sólida e subtilmente se implantava nele.
E olhava sem antolhos os horizontes promissores da democracia. Cada vez se tornavam menos nítidos no meu desespero".

Miguel Torga, in "A Criação do Mundo", Vol II

terça-feira, novembro 07, 2006

Ajuda ou não ajuda

Esta semana e depois de mais um jackpot, o euromilhões vai "oferecer" mais de 135 milhões de euros (27 milhões de contos, na moeda antiga) para quem acertar em cinco números e duas estrelas.
Portugal é o país com mais dinheiro gasto em apostas. Portugal é sem dúvida nenhuma o país com mais necessidade de dinheiro depois de tantas restrições... Por isso os portugueses gastam o que têm e o que não têm para tentar, num golpe de sorte, mudar as suas vidas.
Eu também.
Nas ruas não se ouve falar da discussão sobre o orçamento geral do Estado. Não se fala dos Portos, dos Benficas e dos Sportings. Muito menos dos "abortos" que querem ou não os abortos.
Fala-se do euromilhões.
Fala-se do que se faria com tanto dinheiro. Ou do que não se faria. Viagens. Casas novas. Carros da última gama. Iates. Alguns, mais caridosos, falam do dinheiro que dariam a alguma casa de acolhimento. Da ajuda que se daria aos amigos... Sem querer também me dei a pensar nisto. O que é que eu faria? É viciante. Todas as semanas é a mesma coisa. Também eu faria algumas das coisas já mencionadas. Se calhar eu próprio abriria uma casa de acolhimento e empregava os meus amigos. Ajudava a minha família. Não sei... O que sei é que o que me vale neste momento é o meu trabalho, é ele que me "faz viver" é ele que me sustenta. E é quase um senso comum dizer-se mas preferiria ter saúde para trabalhar. A sério.

Mas parecendo que não (aquele dinheirão todo) ajudaria bastante, lá isso ajudaria...

sexta-feira, novembro 03, 2006

Inventário

E, apesar de tudo, sou ainda o Homem,
Um bípede com fala e sentimentos!
Ao cabo de misérias e tormentos,
Continua
A ser a minha imagem que flutua
Na podridão dos charcos luarentos!

Sou eu ainda a grande maravilha
Que se mostra ao mundo!
O negro abismo que tem lá no fundo
Um regato a correr:
Uma risca de céu e de frescura
Que murmura
A ver se alguma boca a quer beber.

Quanto o grave silêncio da paisagem
Me renega e protesta,
Pouco importa na festa
Deste encontro feliz;
Obra de arcanjo ou satanás,
Eu é que fui capaz
De fazer o que fiz!

Podia ser melhor o meu destino,
Ter o sol mais aberto em cada mão...
Mas, Adão,
Dei o que a argila deu.
E, corpo e alma da degradação,
O milagre é que o Homem não morreu!

Não! Não me queiram na cova que não tenho,
Porque eu vivo, e respiro, e acredito!
Sou eu que canto ainda e que palpito
No meu canto!
Sou eu que na pureza do meu grito
Me levanto!

In "Poesia, Volume II",
Miguel Torga

Até que enfim fim-de-semana!
E dos grandes, eheheheh!


quarta-feira, novembro 01, 2006

Bolinhos e bolinhós

Este, segundo o nosso calendário, é o dia de todos os santos!!!
Para mim não é mais do que o ultimo dia em que eu e os meus amigos de infância iamos de casa em casa cantar os "bolinhos e bolinhós". E digo-vos há 20 anos atrás ganhavamos 5 ou 6 contos cada um. Era muito dinheiro. Tinhamos dinheiro para todo o ano. Bastava agarrar uma caixa, desenhar nela uma carantonha, colocar por dentro uma vela e bater de porta em porta cantando:

"Bolinhos e bolinhós
para mim e para vós
para dar aos finados
que estão mortos enterrados.

Á porta da bela cruz
truz truz
a senhora que está lá dentro
assentada num banquinho
faz favor de vir cá fora
p'ra nos dar um tostãosinho"

E assim se passava esta semana. Recebiamos dinheiro ou doces ou castanhas, mas muitas vezes era dinheiro. Eheheheheheeh. Muito dinheiro. Muitas vezes 100$00 ou 200$00 por casa. Dava para o ano inteiro. E quando nos davam dinheiro cantavamos:
"Esta casa cheira a vinho
aqui mora algum santinho"
Quando não nos davam nada ou eramos mal tratados cantavamos:
"Esta casa cheira a alho
aqui mora algum c******".

Velhos tempos. Tradições. Agora... nada!!! Tudo se perdeu. Já não vivemos no mesmo mundo...
Para mim agora é o dia de anos de um grande amigo. Calhou ser neste dia. E nunca me vou esquecer. Não só pela tradição de criança mas também pela grande amizade. Um fabuloso dia para ti amigo. Um fabuloso dia de aniversário e de "bolinhos e bolinhós".