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Localização: Coimbra, Coimbra, Portugal

Licenciado em Ciências da Informação

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Histórias de um NÃO

I
"Era uma vez, assim começam todas as histórias, NÃO é?... uma jovem rapariga que teria por volta de 22, 23 anos. Bonita. Roliça. Vaidosa. Olhos azuis da cor do céu e cabelo loiro da cor da mais vasta ceara. Uma rapariga que por onde passava NÃO deixava ninguém indiferente.
Carlota (vamos chama-la assim) como qualquer rapariga tinha vários sonhos e desejos. Mas um destacava-se dos outros todos. Queria ser mãe. Mas não uma mãe qualquer. Mãe da mais bela rapariga do mundo. Pensava como seria belo ensinar a sua filha a brincar com as bonecas e quando ela fosse mais velha iriam as duas a qualquer loja de roupa. Haviam de ir a Paris, a Milão ou a Madrid a desfiles de moda. Andariam sempre juntas. Inseparáveis.
Para concretizar este seu sonho, em primeira mão, teria de arranjar homem. E acreditem, pretendentes não faltavam. Mas ela pensava sempre «n'aquele». De preferência de olhos verdes, para que a sua filha também os pudesse ter.
Carlota começou assim esta impresa, que inicialmente parecia fácil - tal era a sua beleza, mas revelou-se complicada - tal era a sua esquesitisse. Mas passado algum tempo lá apareceu o «seu» homem, o pai de sua futura filha.
Depois de um namoro curto, mas bem sucessido, veio o casamento e a boda e com eles a lua de mel. Tudo como planeado. Bora Bora foi o destino da lua de mel, e surgiu assim a primeira oportunidade para Carlota concretizar o seu maior sonho, ser mãe de uma menina. Depois de uma louca noite de amor e depois de 4 semanas sem o periodo, pensou: «estarei grávida?». Este pensamento invadiu-lhe o coração como se fosse a suprema alegria. Correu à farmácia mais próxima e comprou um daqueles testes descartáveis. Fez o teste. Não havia engano estava mesmo grávida. Novamente passou-lhe pela cabeça a imagem da sua -já- filha passear nas ruas de Milão a verem roupas juntas. Era a mulher mais feliz do mundo.
Não demorou a contar a toda a gente o seu estado físico... trazia uma filha dentro de si!!!
Sua mãe preocupada como todas as mães lá lhe aconselhou o melhor obstetra que conhecia. Era formidável.
E assim foi... Passaram pela clinica e marcaram a primeira consulta, que só poderia ser daí a três semanas dada a impossibilidade do médico.
Lá regressou a casa contente mas ansiosa pela consulta para poder ver a sua -já- filha. A sua ânsia aumentava de dia para dia e para a acalmar passeava pelos centro comerciais e aproveitava para compra roupa para a sua filhinha. Cor-de-rosa.
O dia da consulta lá chegou, agora um nervoso miudinho percorria-lhe o corpo... ia poder ver a sua filha pela 1ª vez. Bem agarradinha ao marido lá entrou no consultório do Dr. Toupaquius (era grego, mas mesmo muito bom). Este ao fazer a ecografia apontou para o monitor onde se via na perfeição o interior da barriga de Carlota, exclamou: « aqui está o seu filho». Carlota gelou. Mas pensou, ou o médico se enganou (não seria ele tão bom como a fama que trazia), ou então como se usa sempre o masculino para nominar, ele teria dito filho mas de ceteza que era filha. Mas o médico voltou a replicar: « olhe, olhe bem, olhe o seu lindo filho, é perfeito...»
Carlota não queria acreditar nas palavras do médico, fechou os olhos e já sem entusiasmo exclamou «sim já vi». Ao sair do consultório pensava desanimada: «tanto trabalho para ter uma filha perfeita foi-me sair um filho» vociferando contra tudo e contra todos e dizendo mal da vida e da sorte.
A semana seguinte (até ao dia da próxima consulta) foi de tristeza e de desilusão, não obstante as palavras carinhosas do marido: «ser menina ou menino não importa, importa é que seja perfeito», mas ela não ouvia, queria uma menina e pronto.
O coração de Carlota enchia-se de ódio e de egoísmo e agora só uma coisa lhe vinha à cabeça ABORTAR, apesar do marido ser contra. Carlota sentia que o seu sonho tinha passado a pesadelo. Á 8ª semana de gestação, na 2ª consulta, quando o seu filho já era grande, já se via o seu corpo perfeito, o seu coração já batia, Carlota estava já decidida. «Irei ABORTAR» , tanto neste país pode-se abortar livremente e em qualquer circunstância até à 10 semana, bastando só a sua vontade.
À 9ª semana de gestação quando o filho que trazia no ventre já estava praticamente todo formado... FOI MORTO!

Se se liberalizar o ABORTO esta história poderá tornar-se REALIDADE.
Bastará um infimo pormenor para se matar uma vida.
NÃO deixemos que isto aconteça.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Mar e Céu....

Entre o mar e o céu parece existir uma intima fração de tempo e espaço que por vezes se confundem. Não se sabe bem onde começa o céu e acaba o mar. É nesse espaço, talvez imaginário, que Te continuo a procurar, que continuo a acreditar, que continuo a respirar o teu respiro. Vivo ainda do Teu sopro, do Teu cheiro. A minha existência ainda se confunde com a Tua apesar da grande tempestade que se abateu sobre nós... sobre mim. Vou-me esfumando num bafo espavorido de um cigarro que já não fumo pensando no mar, no céu, na vida e consumo-me tal qual uma droga, tal qual os litros de cerveja que bebo por dia (por vezes sem nexo). Crescem-me os cabelos brancos diminui-me paciência. Paciência. Cresce-me a barriga diminui-me o coração. Sinto perder o ar, o espaço. Sinto a linha que separa o céu e a terra a desaparecer... mas ainda há tempo... muito tempo. Enquanto houver uma restia de sopro, do teu sopro serei sempre... um explorador...

Oração ao tempo

"Hoje já é quarta-feira, estamos quase no fim do semana", dizia-me alguém no trabalho, e isto deixou-me bastante pensativo... pois se o tempo passasse mais depressa que o normal, eu ficaria mais velho... rapidamente. Não pode ser!!!!!
Eu pergunto, será que toda a gente deseja que o tempo passe depressa? Ou que passe depressa durante a semana e ao fim de semana passe mais devagar, será isto possível? Será possível adiantar ou atrasar o tempo? Não correrá o tempo sempre da mesma forma? Confesso, quando tinha 15 ou 16 anos queria que o tempo andasse depressa, queria ter 18 anos rapidamente, mas o tempo nunca me ouviu. Agora que desejo que ande para trás não me ouve na mesma, andando sempre para a frente.
Hoje sinto o tempo de maneira diferente e sinto que corre sem olhar para trás, sem parar nem que seja para descansar, e passa pela minha vida como um corredor que anseia a medalha de ouro nuns jogos olimpicos quaisquer.
Como posso desejar que os dias passem depressa se sinto que já não existem dias suficientes para viver? Como pode alguém desejar que os dias passem depressa se eu sinto vertiginosamente o tempo passar? Quero, mesmo quando estou a trabalhar ou a fazer algo de que não gosto, que o tempo passe devagar... quero sentir na minha pele cada segundo como se fosse o último, quero viver cada minuto com paixão, quero viver cada hora a que tenho direito... sou apaixonado pela vida, por isso não quero que ela passe nem depressa nem devagar, quero que ela não passe e pronto. Quero que a vida pare em todos os momentos em que fui feliz e em todos os momentos em que serei feliz e pare. Pare.
O tempo não devia passar, sobretudo, pelas pessoas que mais amamos, porque no fundo eu até aceito ficar velho mas não aceito ver envelhecer todos os meus queridos.

Oh tempo não passes por eles por favor... eu amo-os demais. Faz que eles sejam sempre como os conheci, dá-me só a mim os anos. Coloca só em mim as rugas de todos, e os cabelos brancos de todas as suas inquietações... Ouve-me só esta vez! Só esta vez! Se não me ouvires, tudo bem mas não passes... por favor!... E perdoa todos os que querem que tu andes mais depressa, eles não sabem o que dizem...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Ninguém é feliz sozinho...

"...Escrevo para ti desde que comecei, sem te lisonjear, evidentemente, mas também sem ser insensível às tuas reacções. Fazemos parte do mesmo presente temporal e, quer queiras, quer não, do mesmo futuro intemporal. Agora, sofremos as vicissitudes que o momento nos impõe, companheiros na premente realidade quotidiana; mais tarde, seremos pó da História, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas angústias, e tu das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã não estivéssemos unidos nos factos fundamentais que a posteridade há-de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tenha estado um homem é preciso que esteja ou tenha estado toda a humanidade.
...
Apostar literalmente no porvir é um belo jogo, mas é um jogo de quem já se resignou a perder o presente. Ora eu sou teu irmão, nasci quando tu nasceste, e prefiro chegar ao juizo final contigo ao lado, na paz de uma fraternidade de raiz, a ter de entrar lá solitário como um lobo tresmalhado. Ninguém é feliz sozinho, nem mesmo na eternidade..."

Miguel Torga, in BICHOS

quinta-feira, janeiro 11, 2007

"a carteira"

"Chegou a carteira das 16 p'rás 17 " e nunca se atrasa...
Hoje não veio, mandaram um "trambolho" qualquer!
Ficou a minha tarde mais triste....

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Confissões

Aqui, diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.

Me confesso
possesso
de virtudes teologais,
que são três,

e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.

In Poesia Vol. I - Miguel Torga

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sol


... E o Sol prometeu
que amanhã aparecerá de novo.